vista frontal.-----.Uma das origens da palavra arte encontra-se na palavra técnica, do grego [tékÊ°nÉ›Ë], uma palavra que por muito tempo foi relacionada com o mero domÃnio de uma habilidade. Poderia se dizer que o homem moderno já herda arte e técnica como conceitos que vão por caminhos dÃspares até definir cada um deles vida própria. Sem dúvida a estética clássica, resgatada inúmeras vezes na história, se encarregou de devolver ao mero processo técnico sua antiga acepção de arte, de produção de significados além do comum. Entretanto, a arte contemporânea, uma vez despida dos antigos metarrelatos como autoria e originalidade, volta a se encontrar com o seu lado mais estrutural e pragmático, isto é seu aspecto processual e técnico. ..Patricia Claro tem indagado longamente sobre os processos técnicos com que pode captar com maior nitidez e precisão seu tema por excelência, as paisagens de água. A saber, sua investigação está tanto associada à decomposição ótica da imagem de um rio, como à ideia deste elemento natural como fonte de vida e de conhecimento. Eis porque surge a série Cartas de Ãgua, que são seus "apontamentos" de água, uma tentativa de revelar aquilo que a água quer nos dizer. Para isso procurou fazer nessa gravura em metal, uma obra que plasma escritos indecifráveis a semelhança dos escritos de Leonardo da Vinci, ou nas escritas em pergaminho dos sábios chineses, em cuja caligrafia a artista encontrou sempre semelhança com a água. ..Assim as Cartas guardam seu indicio de que tratam de um discurso sobre os vazios e as transparências que emergem da fala hipotética do rio, mediante as gravuras com relevo seco. Já as tintas pretas estão para dar a ideia escrita caligráfica. Tais escritas não referem os ideogramas chineses como pareceria a olho nu, e sim as formas que são extraÃdas na acurada observação das dobras das ondas de água, extraÃdas digitalmente de alguns dos registros fotográficos.