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Carta de Água I

MARCO - Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul [148]
Carta de Água I (MARCO - Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul CC BY-NC-SA)
Fotó tulajdonos/ jogkezelő: MARCO - Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (CC BY-NC-SA)
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Leírás

“A água manifesta-se como um vazio, e se a água se manifesta de outras formas, é através da paisagem” – afirmou Patrícia Claro. É por isso que por trás da investigação sobre percepção e a representação desta paisagem, que tem sido consolidada no trabalho da artista por mais de uma década, há uma busca incansável por descobrir cada vez novas facetas do elemento aquoso. Para tanto tem empregado uma diversidade de técnicas pictóricas, antigas e modernas, que vão desde a aplicação e superposição de capas finas de veladuras e tintas, até a aplicação de máscaras feitas por recortes da imagem para isolar umas áreas e intervir em outras. Contudo, a artista chega a colocar como uma das mais recentes prerrogativas, a realização de vídeoarte na série que intitula Carta de Água.
Com o vídeo, sendo este um médio que permite ampliar as possibilidades da representação, tanto visuais como sonoras, Patricia Claro trata de exprimir novamente a linguagem da água. Na sequência da abertura o rio fluirá ante nossos olhos, primeiro desde uma câmera fixa e frontal da perspectiva clássica; depois a partir de um plano que intercala o ponto de vista de cima, com um close up bem aproximado, nos transmitindo dualidade e dialética heraclitiana, conceitos perceptíveis no rio mais que em nenhum outro elemento. No segundo plano sequencia, como recortadas do contexto, as letras e os hieroglíficos saem da água até compor uma escrita vertical à maneira oriental. É sabido que a caligrafia chinesa forma seu alfabeto não como outras línguas, por aproximação fonética, mas por derivação de vetustas pictográficas. Levando isto em consideração, a artista dirige a dança das letras ou ideogramas desde seu emergir das sombras ou dos reflexos até saírem de vez do quadro da paisagem filmada e entrar num vazio branco indicando o papel qual simbólico suporte onde ficará plasmada a escrita toda.
O fluir dos movimentos vai acompanhado de um som, idealizado por Patricia Claro em conjunto com o músico Max Zegers. Som que segundo seu propósito, deveria provir de um instrumento clássico, mas cujo toque mimético remetesse aos barulhos e do entorno com acento contemporâneo. Por isso a escolha foi de um piano que teve seu registro totalmente mudado ao Zegers intervir nas suas cordas com a colagem de objetos como parafusos, borrachas, pequenas peças de plástico ou metal e tocá-lo com instrumentos de percussão. O resultado é uma música realista bem completando a imagem. Tendo por tema as correntezas, as ondas e os acasos encontrados nas somas destas ressonâncias, acabará por parecer uma versão contemporânea das sinfonias sobre a natureza de Hyden ou de Igor Stravinsky.
No vídeo Carta de Água I, o primeiro da série, o vazio onde a escrita se posiciona é branco e os caligramas são pretos.

Anyag/ Technika

Vídeo FullHD, color, som. Tiragem de 8

MARCO - Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul

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