Tendo usado durante anos a fotografia como fonte de estudo, Patricia Claro se interrogou sobre o possível uso da fotografia como obra acabada, cabal e completa em si mesma. Após alguns anos ter resistido a essa ideia, decide adotá-la.
Sendo a paisagem e o reflexo da água os temas de sua preferência, e ainda considerando o estatuto da natureza a primeira máxima de sua obra, era já vez de pensar no meio fotográfico e suas possibilidades expressivas. Como outros artistas de sua geração, Claro percebeu que a fotografia pode ser um médio de discussão tanto sobre forma visual como forma verbal. Um meio para discutir as mudanças sutis da imagem desde as mudanças externas que acabam gerenciando o aspecto real da paisagem. Eis a série que titula Formas de Água, onde ela encontra uma fórmula: criar a partir das sombras dos reflexos de água os possíveis ideogramas à maneira dos sábios orientais. Essas sombras que simulam as simplificadas formas aberto-fechado, estável- fluída, humana ou zoomórfica, são recortadas, em processo digital, e são alinhadas conformando uma escrita misteriosa e hermética. Isto para indicar que foi percebida com o olhar de sabedoria, e literalmente extraída da natureza, para criar uma segunda natureza: a escrita, com todas suas possíveis acepções ideia, comunicação, realidade, fantasia ou verso.
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